Maximus Festival 2017.
Texto: Marcos Franke
Fotos: Flavio Hopp
Escrever sobre o Metal Maximus sempre é um grande desafio. Bandas de diversos estilos unidas para apenas um propósito: Diversão! Dividido em três palcos, Metal Maximus, Rockatansky e Thunder Dome, sendo este último o afastado dos outros dois maiores que ficam um ao lado do outro. O dia prometia muito com apresentação de bandas que são tão diferentes entre si. Juntar tantos estilos num festival como este foi uma decisão muito acertada. Tivemos por exemplo logo cedo a apresentação das bandas nacionais Nem Liminha Ouviu, Oitão e Deadfish – todas muito bem recebidas pelo público, que aos poucos foi ocupando os espaços em frente aos palcos situados no Autódromo de Interlagos. A primeira atração internacional do dia ficou a cargo dos americanos do Red Fang. O stoner rock/heavy metal de Portland, Oregon trouxe um ar de novidade ao festival. Divulgando o álbum Only Ghosts (2016) a banda já veio ao Brasil para tocar no Porão do Rock em 2011. Enérgicos e muito profissionais a banda passou pelos álbuns Whales and Leeches (2013) com Blood Like Cream e Crows in Swine, Murder the Mountains (2011) com as músicas Malverde e Wires, Flies do representante de seu último álbum Only Ghosts (2016) e Red Fang (2009) com a música Prehistoric Dog, finalizando seu set sendo aplaudido por todos ali presentes! A banda que se apresentou logo depois no palco ao lado, no Rockantansky foi o Hatebreed. Velhos conhecidos do público headbanger, já veio ao Brasil diversas vezes. A participação do público foi ímpar como sempre. Com rodas ao som de Destroy Everything (Supremacy/2006) ou de músicas novas como Looking Down the Barrel of Today (The Concrete Confessional/2016), o quarteto formado por Jamey Jasta, Frank Novinec, Chris Beattie e Matt Byrne levantaram poeira com a ajuda de fãs em frente ao palco Rockatansky. O setlist da banda foi diversificado e percorreu pedradas do álbum The Rise of Brutality/2003 com músicas como Beholder of Justice, Tear it Down, This is Now e Live for This – com direito á interação incrível entre fãs e banda! Com promessas de voltr ao Brasil com um set completo em uma próxima passagem pelo Brasil, o Hatebreed termina sua apresentação naquela tarde. Que absurda performance deste quarteto! Ao mesmo tempo rolava o show do The Flatliners no palco mais distante, o Thunderdome. O quarteto canadense formado por Chris Cresswell, Scott Brigham, Jon Darbey e Paul Ramirez agitaram e muito o público com a sua mistura de hardcore, punk rock e ska com músicas que englobavam sua curta discografia de cinco álbuns. Era a vez da estreia dos alemães do Böhse Onkelz no palco Maximus. A maior banda de hard rock alemã de todos os tempos é formada por Stephan Weidner (baixo), Kevin Russel (vocal), Matt “Gonzo” Röhr (guitarra) e Peter Schorowsky (bateria) e é um dos grandes fenômenos musicais da Alemanha dentro do segmento hard rock. Formada para ser uma banda punk rock com ideais Oi! foi moldando seu som conforme foi amadurecendo musicalmente. Com letras que lidam desde a superação de problemas na adolescência, críticas à mídia e a política contemporânea, fazem um sucesso absurdo na Alemanha. Mesmo com hiato de 10 anos, a banda volta á cena com o album Memento (2016) e turnês europeias que tem seus ingressos esgotados em 30 segundos. Um sucesso incontestável. Com letras em alemão a banda se apresentou no palco Maximus para uma plateia que não entendeu ao certo o que estava assistindo. No entanto muitos agitaram ao som da contagiante 10 Jahre (Es ist soweit/1990), 52 Wochen (Memento/2016), Irgendwas für Nichts (Memento/2016), Hier sind die Onkelz (Hier sind die Onkelz/1995), Danke für Nichts (Hier sind die Onkelz/1995), Bomberpilot (Onkelz wie wir/1987), Kirche (EINS/1996) e Terpentin (Viva los Tioz/1998). Os poucos fãs que vieram de caravana do Paraná, ainda pediram a música Mexico (Mexico/1985), mas infelizmente não foram atendidos. A banda, que há mais de 30 anos mantém a mesma formação, deixou o palco deixando uma impressão muito boa aos que acompanharam ao show. Que grande performance do guitarrista “Gonzo”, que em seus momentos de solo interagia com seus fãs e público em frente do palco! Era a vez de uma das bandas mais esperadas do dia, o Ghost B.C. no palco Rockatansky logo ao lado. Banda sueca formada por Tobias Forge ou Papa Emeritus para os fãs mais assíduos tem em sua formação cinco “Nameless Ghouls” que representam Fogo (guitarra), Água (baixista), Ar (tecladista), Terra (baterista) e Éter (guitarra) e tem em seus peitos e instrumentos o símbolo que cada personagem representa. Com uma discografia ainda curta, a banda percorreu os sucessos dos álbuns Opus Eponymous (2010), Infestissumam (2013) e Meliora (2015). Este ano a banda lançou um EP com covers para músicas famosas como Missionary Man (cover da banda Eurythmics) e Nocturnal Me (Echo & The Bunnyman), nenhuma delas foi tocada na apresentação do grupo em São Paulo. Papa Emeritus decidiu ir tocar os clássicos como “Square Hammer”, “From Pinnacle to the Pit”, “Ritual”, “Cirice”, “Year Zero”, “Absolution” e “Mummy Dust”, muito comemoradas pelo público que já enchia e muito a pista do Metal Maximus. Com um público um pouco maior, o Pennywise mandava seu som no palco Thunderdome, onde rodas e mais rodas dominavam a frente do palco. A celebração á diversidade musical havia começado. Era a vez de uma das grandes atrações do dia – Rob Zombie e seu circo dos horrores. Com uma banda de apoio muito boa, formada por John 5 (guitarra), Piggy D (baixo) e Ginger Fish (bateria), Rob Zombie fez seu show com maestria de um artista acostumado com palcos de grandes eventos. Lançando seu mais novo álbum com o singelo nome The Electric Warlock Acid Witch Satanic Orgy Celebration Dispenser (2016), Rob Zombie trouxe não apenas músicas novas, como clássicos da época do White Zombie. Como não se emocionar com clássicos como More Human Than Human, Thunder Kiss’65? Clássicos imbatíveis e inigualáveis da geração que gravava clipes na MTV nos anos 90. Mas os clássicos recentes não ficaram de fora. Músicas como Superbeast, Living Dead Girl e Dragula no Bis, foram de arrebatar o fã de vez com uma interação de Rob Zombie de dar inveja a outros artistas. Teve direito a distribuição de dois aliens na faixa “Well,Everybody’s Fucking in a UFO”, onde o desafio era levar eles até o fundo da plateia e com Rob Zombie interagindo com os fãs que estavam na grade e um quase cover para Schools Out do Alice Cooper. Que grande apresentação do músico! A banda que se apresentou logo depois foi o Five Finger Death Punch. A banda que já possui mais de dez anos é uma das grandes revelações do heavy metal da atualidade. Formada por Ivan Moody (vocais), Zoltán Bathory (guitarra), Jason Hook (guitarra), Chris Kael (baixo) e Jeremy Spencer (bateria) o estadunidenses com origem de Las Vegas, Nevada, começaram seu show no palco Rokatansky sem atrasos. E que grande show foi aquele! Teve fã no palco, teve clássicos como Lift Me Up (The Wrong Side of Heaven and the Roghteous Side of Hell, Vol.1/2013), Never Enough (The Way of the Fist/2007), Wash It All Away (Got Your Six/2015) e Got Your Six (Got Your Six/2015), como também um cover do clássico Bad Company da banda Bad Company – totalmente inesperado. Entrosados, a banda soube medir os momentos de grande agito com músicas como The Bleeding (The Way of the Fist) e Under and Over It (American Capitalist/2011) com momentos acústicos como Remember Everything (American Capitalist/2011). O quinteto terminou sua apresentação com House of the Rising Sun, que ficou famosa com os ingleses do The Animals nos anos 60 e é uma de minhas músicas favoritas. Para uma primeira vez em solo brasileiro, o Five Finger Death Punch mostrou a que veio! Enquanto isto o Rise Against encerrava os shows no palco Thunderdome. Americanos de Chicago, Illinois, a banda de hardcore fez a festa para uma galera insandecida. Banda assumidamente vegana, promove e apoia os direitos dos animais e também divulga muito os ideais do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) e fazem parte da comunidade Straight Edge do hardcore. Vieram ao Brasil coincidindo com o lançamento do álbum novo chamado Wolves e dele tocaram a música The Violence que é justamente uma crítica á guerra na Síria. Abordaram também músicas de seu repertório clássico como Ready to Fall (The Sufferer & The Witness/2006), The Good Left Undone(The Sufferer & The Witness/2006) e Re-Education (Through Labor) (Appeal to Reason/2008) que agitaram e muito o pessoal que veio ver a banda no palco mais afastado do principal. Falando no palco principal, era a vez de uma das bandas mais esperadas da noite – O Slayer. Promovendo seu mais novo petardo, o elogiado pela crítica Repentless (2016), a banda não teve misericórdia. Kerry King, Tom Araya, Gary Holt e Paul Bostaph trouxeram um setlist de clássicos que promoveram rodas de mosh que eram imensas. Com clássicos Mandatory Suicide (South of Heaven/1988) e War Ensemble (Seasons in the Abyss/1990) a banda apenas estava aquecendo seus dedos. O verdadeiro caos de rodas de mosh se instalou quando as quatro músicas infernais foram executadas uma após a outra – Seasons in the Abyss (Seasons in the Abyss/1990), Hell Awaits (Hell Awaits/1985), South of Heaven (South of HEaven/1988) e Raining Blood (Reign in Blood/1986). Para encerrar com chave de ouro Tom Araya ainda anunciou Angel of Death (Reign in Blood/1986) para assim deixar os headbangers ou moshers de plantão mais extravazados do que já estavam. Que grande show deste grande representante do thrash metal americano. Mas os ânimos ainda não estavam calmos, pois era a vez do Prophets of Rage. Um super grupo montado para homenagear e divulgar músicas do Rage Against the Machine com ex-integrantes da banda como o guitarrista Tom Morello, o baixista Tim Commerford e Brad Wilk na bateria e completam a formação com dois membros do Public Enemy, DJ Lord e Chuck D e B-Real do Cypress Hill. O nome da banda deriva do título de canção do Public Enemy, Prophets of Rage, do álbum de 1988, It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back. Para coincidir com o concerto de protesto da banda na Convenção Nacional Republicana, onde foi lançado seu primeiro single, intitulado “Prophets of Rage”. A banda veio ao Brasil com sua turnê intitulada como “Make America Rage Again Tour”. O set list combinou o repertório de cada ex-banda dos componentes, bem como novo material escrito pela banda. Músicas como a música que leva o nome da banda Prophets of Rage do Public Enemy e How I Could Just Kill a Man do Cypress Hill também marcaram presença no setlist da banda. Mas o que realmente agitou o público foram os grandes clássicos do Rage Against the Machine como Testify, Take the Power Back, Bombtrack, Sleep Now in the Fire, Bullet in the Head, Know Your Enemy, Bulls on Parade e a derradeira Killing in the Name que trouxe uma grande comoção para os fãs da banda e claramente cantada por todos que estavam no autódromo. Que grande clássico! Era a vez do Linkin Park fechar o Metal Maximus. Banda que passou por algumas mudanças de estilo, só pode ser comparada com o restante do tema e bandas do festival quando falamos do álbum Hybrid Theory (2000), Meteora (2003) e um pouco do álbum Minutes to Midnight (2007). Há algum tempo a banda não possui mais nada de Metal em sua música. Isto também se espelha no público atual da banda, que sofreu e muito para estar próximo da banda neste ponto do festival com tantas rodas e empurra empurra. Lançando seu mais novo petardo chamado One More Light (2017) a banda veio ao Brasil com Chester Bennington, Mike Shinoda, Joe Hahn, Brad Delson, Rob Bourdon e David “Phoenix”Farrell em sua formação. Interessante que a banda se adaptou rapidamente ao grande festival e trouxe um setlist mais pesado desta vez. Claro, fizeram algumas adaptações para que odas as músicas coubessem no setlist como Castle of Glass (Living Things/2012), Wastelands (The Hunting Party/2014) e Lost in the Echo (Living Things/2012) se utilizando e muito da função de triggers do teclado/bateria e a grande habilidade de Mike Shinoda com sua mesa de mixagem. Mas não faltou tributo aos grande clássicos como One Step Closer (Hybrid Theory/2001), o grande hino Breaking the Habit (Meteora/2003) e Crawling (Hybrid Theory/2001) que levou os fãs á loucura e são sempre os grandes ápices do setlist do Linkin Park. Ao se aproximar do final do show, os clássicos foram surgindo dando mais cara de “Metal” á banda que fechava o Metal Maximus. Músicas como Faint (Meteora/2003), Numb (Meteora/2003) e Papercut (Hybrid Theory/2001) não podiam faltar no final para agitar os que esperaram por tanto tempo. Concluo que o Festival Metal Maximus está no caminho certo e trazendo as bandas certas. Resta, no final das contas, colocar algumas bandas no lugar certo para que confusões como “torcidas” de algumas bandas, não acabem brigando entre si e acabem se machucando por não estarem acostumadas com “mosh pits”. Cabe a produção tomar cuidado para que os palcos corretos sejam agraciadas pelas bandas apropriadas para cada estilo. No final, a ideia é a diversão e pode ter certeza, me diverti muito estando presente num festival deste porte. Vida longa ao Metal Maximus e que venha a edição de 2018.